Recordo um episódio real que aconteceu na minha infância, mais precisamente quando tinha oito anos. Andava na escola primária no Bairro das Colónias, em Lisboa, perto da Av. Almirante Reis, de onde sou natural e onde cresci.
Durante algum tempo, fui seguida por uma mulher, não sei ao certo quanto tempo. Recordo que a mesma tentou ajudar-me mais que uma vez a atravessar a avenida. Pois, quando saía da escola, ia ter com a minha mãe ao trabalho ali perto.
Certo dia, a mulher disse que vinha da parte de meu pai, que estava a trabalhar e lhe pedira para me ir buscar à escola e ir ter com ele.
Eu não disse nada, só que, no meu percurso habitual, parei à porta de uma loja cujo dono conhecia bem. Ele veio à porta meter-se comigo e a mulher disse: – “Então, até logo; à noite, vou a tua casa”. E afastou-se.
Falei em casa no assunto e durante algum tempo dei trabalho redobrado à minha mãe, que me vinha esperar a escola.
Hoje pergunto: se eu tivesse ido com a mulher, o que me teria acontecido? Como é que eu estaria hoje?
Fátima Mateus