Santidade

O Dia de Todos os Santos

Anualmente, todas as Igrejas católicas do mundo celebram o dia de todos os santos no dia 1 de novembro e o dos finados no dia 2 de novembro. Desde o séc. II que os cristãos rezam pelos seus falecidos, ritual herdado da invocação dos santos mártires.
A primeira celebração do dia de todos os santos data do ano 609 d. C., intencionalmente, para recordar todos os cristãos que tinham sido mortos por não quererem negar a sua fé em Cristo, nos primeiros tempos da Igreja Católica.
Roma praticava uma religião politeísta e não admitia no seu Império uma confissão monoteísta, assim os cristãos eram perseguidos, mortos e reconhecidos como santos. Registe-se que os primeiros santos reconhecidos pela Igreja são os santos mártires. A celebração do dia de todos os santos é suportada pela quantidade de mártires a morrerem no mesmo dia, não sendo possível atribuir um dia do ano a cada santo e também pelo facto de alguns mártires passarem despercebidos. Com esta celebração são todos abrangidos, recordados.
Ao longo dos tempos, homens e mulheres destacaram-se pelos seus exemplos de vida dedicada à proclamação do Evangelho. E nem só os mártires foram reconhecidos pelas suas virtudes; também outros cristãos, mesmo sem terem sido mortos, passaram a sua vida entregue totalmente a Deus, alcançando a santidade e passando a encontrar-se na glória celestial. Cada pessoa é chamada por Cristo e se corresponder ao chamamento, envereda pelos caminhos do amor. Considerando este comportamento, entende-se a existência de muitos santos, mesmo desconhecidos, que mereceram ser beatificados e ficaram junto de Deus, face a face, em plena felicidade. Consegue-se a Plenitude aceitando os desígnios de Deus, obedecendo à sua vontade e servindo o próximo com toda a sua alma.
Apontarei algumas características dos santos: ver no Senhor a sua maior riqueza; procurar a santidade com todas as suas forças, sabendo que sem Deus nada se pode fazer; ser humilde e reconhecer a sua fraqueza humana; apelar pela justiça, não se calando e não tendo medo de anunciar a verdade; ser puro de coração, verdadeiro e autêntico; agradar a Deus e ter um olhar purificado, pela experiência da misericórdia divina; simbolizar a Paz no seu sentir e agir, evitando conflitos e falsos testemunhos; e finalmente, ter fé até ao fim, mesmo vivendo em martírio e atormentado pela dor.
No meio das vicissitudes turbulentas da vida, encontramos a nossa consolação com a presença de Deus no nosso coração como fonte de paz e alegria.
A santidade não se limita somente aos santos que veneramos nos altares, e estes não os pensemos como figuras “angelicais”, recolhidas a meditar e isoladas do mundo. Poderei exemplificar: Dom Nuno de Santa Maria (Dom Nuno Álvares Pereira) foi um combatente; São Paulo perseguiu os cristãos; o primeiro casal que teve a honra de subir aos altares teve três filhos, sendo beatificado pelo Papa João Paulo II.
Concluindo, os santos foram pessoas que trabalharam como as outras, mas com uma diferença – tudo o que faziam entregavam nas mãos de Deus. Existem testemunhos de manifestações de santidade em pessoas que nem sequer eram católicas, não assistiam a missas, que levaram uma vida de amor ao próximo como a si mesmo. Neste princípio, está subjacente a prática do bem nas mais diversas variantes. Sendo Deus omnipotente, em qualquer lugar, está a observar quem manifesta a misericórdia e a caridade.
Todos os anos, em todas as partes do mundo, as pessoas em dia de finados rezam pelos seus familiares (entes queridos) devotadamente, oferecendo-lhe as suas orações, intercedendo ao Pai que os receba no Seu Reino Celestial.
Neste ano, em 1 de novembro, os fiéis não puderam visitar as campas dos seus defuntos, gesto muito significativo, simbolizando toda uma vida vivida em comunhão. Nestes momentos tão especiais sentimos com saudades redobradas o amor que se viveu e a amargura da ausência, que agora experimentamos em forma de memórias, que nos acompanharão todos os dias da nossa vida.
A situação de pandemia em que o mundo se encontra, com características únicas e singulares, gerou sentimentos de pânico, de tal forma intensos que as pessoas afetadas psicologicamente foram obrigadas a recriar novos hábitos de vida, na tentativa nem sempre conseguida de evitar o contágio pelo vírus covid-19. Alguns cemitérios foram fechados para evitar aglomerados de pessoas, de forma a travar o alastramento do vírus. Estas decisões foram difíceis de aceitar, mas, na generalidade, foram respeitados todos os apelos e ordens emanados pelas autoridades governamentais e de saúde.
Enfim, ao longo da vida vão-se sucedendo situações, perante as quais o homem não pode ficar indiferente, por interferirem diretamente na vida familiar, social e profissional, manifestando-se como autênticos inimigos a flagelar todas as nações do mundo.
Tenhamos fé e esperança, que, embora sofrendo muito no presente, haveremos de encontrar uma solução.

Rosa Natália

foto da Igreja dos Congregados, Braga

Um comentário em “Santidade”

  1. Gosto deste texto. Destaca as virtudes que podem levar à santidade e deixa claro que esse estado de graça está ao alcance de todos os seres humanos. Obrigado pela partilha.

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