Passeando por Évora

Somos um grupo que gosta de conviver, de passear e de aprender. Desta vez escolhemos Évora para esta experiência lúdico-cultural. Apenas dois dias …, mas os núcleos museológicos são imensos pelo que muito ficou por ver.
A cidade é, em si, um museu a céu aberto. Esta é a cidade-museu, Património Mundial segundo a UNESCO.
Sabemos que Évora tem origem muito remota, visto que a área da sua implantação apresentava, já na época neolítica, grande ocupação humana traduzida, nomeadamente, por diversos monumentos de carácter sagrado.
Foi depois ocupada pelos Romanos tendo sofrido forte romanização numa época de grande importância para a cidade.
Muitos museus de Évora contam a história da cidade e do Alentejo. Estes museus são lugares onde o passado surge em imagens e objetos vários e também nas paredes de edifícios importantes que assistiram a centenas de anos a passar e a mudar, mas mantendo o seu carisma de cidade onde habitaram outros povos e outras culturas.
Os museus de Évora surgem perfeitamente integrados no centro histórico. Isto faz com que uma visita à cidade permita entrar em alguns deles.
Ganha destaque no Museu de Évora um conjunto de 13 painéis que representam a Vida da Virgem e 6 painéis mais pequenos da Paixão de Cristo pintados em meados do século XV por desconhecidos da escola de Bruges. Este museu expõe uma das melhores coleções de Arte Sacra de Portugal. Nos dois pisos da casa, contígua à Catedral de Évora, encontramos (na capela, corredores e celas) peças litúrgicas de pintura, ourivesaria, escultura e paramentaria.
A esta cidade monumental pertence também uma catedral do século XVIII com as melhores vistas panorâmicas, um aqueduto fundido na cidade, praças arejadas rodeando antigos chafarizes, palácios e palacetes de sonho.
A típica calçada portuguesa forra o chão de graciosas praças. As ruas empedradas são feitas para nos deixarmos encantar pelos legados da História. Vimos casas que falam da vida de outros tempos. Janelas manuelinas ao lado de portas de arco românico. O Templo de Diana, que o Império Romano nos deixou de herança, surpreende-nos ao virar da esquina e ali ao lado o Jardim de Diana, como se fosse uma janela por onde podemos avistar a cidade e tudo o mais que os nossos olhos possam alcançar.
A nossa residência era logo a seguir à Igreja da Graça, que dizem ser uma das mais bonitas igrejas renascentistas portuguesas. Mas é a Capela dos Ossos que atrai qualquer visitante aos claustros da Igreja de São Francisco. Visitar Évora sem visitar a Capela dos Ossos é como ir a Roma e não ver o Papa. No grupo, houve quem a não quisesse ver, mas eu quis vencer o medo de me agoniar e foi uma boa decisão. Um cenário que faz ganhar consciência da nossa fragilidade enquanto seres mortais…. Afinal, paredes e teto abobadado estão forrados de ossos. À entrada, somos recebidos por uma frase que ficará gravada para sempre na nossa memória. “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”.
Depois de calcorrearmos ruas e ruelas, de apreciar os pátios do Palácio do Cadaval, de entrar em algumas igrejas (Santo Antão, Nossa Senhora da Graça, Sé Catedral e igreja de S. Francisco), ainda nos sentámos na Praça do Giraldo a saborear o fim de tarde animado pelos grupos de estudantes e turistas.
No domingo, visitámos o” ENOTURISMO CARTUXA” da Adega da Cartuxa – Quinta de Valbom, que é um ícone da história vinícola do Alentejo. Neste edifício secular, cercado por 15 hectares de vinha em modo de produção biológica, estagiam vinhos como o emblemático “Cartuxa” e o mítico” Pêra-Manca”. Curiosamente o nome nada tem a ver com fruta, significando “pedra que se move”. A Cartuxa tem vinhos e azeites de muita qualidade, que pertencem à Fundação Eugénio de Almeida, uma instituição de direito privado e utilidade pública, sediada em Évora.
“A missão institucional da Fundação concretiza-se nos domínios cultural e educativo, social, assistencial e espiritual, visando o desenvolvimento e elevação da região de Évora”.
Todo o património doado pelo Instituidor foi feito para ser o alicerce económico do desenvolvimento da missão e compreende um conjunto de propriedades rústicas no concelho de Évora, nas quais a Fundação desenvolve um projeto agropecuário e industrial.
Valeu a pena! Valeu a pena almoçar no “Moinho do Cú Torto” e no “Cameirão”. Verdadeiras iguarias alentejanas que muito apreciámos.
O Alentejo é um volumoso livro de histórias com muitos tesouros para nos mostrar e Évora é monumental!
Embora se diga que o “Alentejo não tem sombra senão a que vem do céu”, há muito verde de montados, de vinhedos e de olivais para nos encherem os olhos e encantarem a alma.
Este grupo sabe escolher os melhores caminhos e desfrutar das boas oportunidades que os dias nos oferecem.
Sebastiana Romana

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