Uma história de Natal

No início de Outubro até parece que o tempo desliza, flui mais rapidamente. Terminado Outubro, é ver o Novembro caminhar e ouvir as pessoas a dizerem:

– Já cheira a Natal.

Algumas ignoram até que há aqui uma bonita sinestesia. E eu, como aguardo eu o Natal?! Depois de passados tantos natais, já não o aguardo com a mesma intensidade… muitas coisas ficaram para trás…embora continue a admirar a figura bíblica de Jesus.

Entre os muitos encantos que o Natal tem, um deles é a presença das crianças tanto na Consoada como no próprio dia de Natal. E este ano é uma dupla alegria para mim, pois as netas já são duas. Apresento-as: Mariana, 4 anitos, que, para além de frequentar a escolinha, anda no ballet e num grupo de teatro infantil, tendo já feito a primeira actuação; a Matilde, 5 meses, com uns olhos negros grandes e perscrutadores que muito cedo identificaram uma avó faladora (costela algarvia) e bem-humorada.

A mamã começou logo a designá-las: Matilde – a mana bebé, Mariana – a mana crescida. E esta assumiu, pois é muito protectora. Adora a mana, sem nunca ter mostrado uma pontinha de ciúme.

Um dia destes resolvi contar uma história de Natal à Mariana e ela, que gosta muito que eu lhe conte histórias, adorou. Eu disse: Eu e a tia Fernanda éramos manas também muito amigas. Esta história passa-se quando a tia Fernanda tinha dois anos e eu, quatro.

Uma vizinha muito religiosa tinha-me explicado quem era Jesus e como ele queria que fôssemos sempre boas meninas e muito amigas.

Chegou a véspera de Natal. Andávamos as duas a brincar na nossa rua, a rua do Lagar, e de repente vejo no chão um pinhão. Procuro uma pedra e parto-o com muito jeitinho. Corto-o ao meio e dou metade à minha irmã e digo:

– A nossa vizinha disse que Jesus dava presentes a quem fosse amigo e desse coisas; portanto, Jesus talvez amanhã me ponha um presente no sapatinho.

No dia de Natal, a nossa mãe disse:

– Meninas, vão ver o que Jesus vos trouxe ao descer pela chaminé.

No meu sapatinho lá estava um par de meias e meia dúzia de bombons, um de cada cor. E para a mana Fernanda também um presente igual.

A Marianita gostou da história onde entrava eu e a tia Pintarolas, como ela designa a tia Fernanda pela qual sente paixão.

Uma simples história a cativar crianças!

Maria Vitória Afonso

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