Os Jacanrandás

Os jacarandás das Paivas

Quando se consegue um tempinho com menos ocupação, começamos a olhar para o que nos rodeia. Desta vez, fiquei embasbacado com a beleza destas árvores no Jardim das Paivas, mesmo ao pé de mim, que se desfazem em flor, parecendo mesmo que dispensam as folhas ou que também as transformam em flor para o espectáculo ser mais retumbante. Obrigado, minhas vizinhas, por embelezarem tanto os meus dias e as minhas caminhadas. Em conversa com amigos, falámos muito do perfume que exalam e é muito agradável. E estas árvores existem, segundo parece, em cores amarela, rosa, branca e vermelha. Os jacarandás de flores amarelas têm o nome de tipuanas. As tipuanas, há muitas em Lisboa, mas a que mais encanta é a que está em frente da porta de saída (ou entrada) da estação dos comboios do Cais do Sodré.

 O meu amigo José Maria Lopes, corrigindo outro amigo comum, diz que não tem razão quem julga que os jacarandás dão flor duas ou três vezes por ano. Na verdade, é frequente observar-se, numa ou noutra árvore (diria dez por cento), uns cachos de flores nos fins do outono ou mesmo já no inverno. São degenerescências de algumas árvores talvez por terem uma fonte de luz ou calor que as baralha. As folhas são as últimas a cair porque só caem quando as novas as empurram e é nessa fase que aparecem as flores hermafroditas, duma beleza ímpar. Há um certo daltonismo quanto à análise da cor, dado que se ouve dizer roxas, lilazes, violetas, púrpuras, magentas e indigo (in livro de Bagão Felix). Diz o livro que este nome veio da América do Sul, incluindo o Brasil e o nome vem dum termo tupi brasileiro. O jacarandá também se denomina de Palissandra.

Vejam bem o que se aprende com os amigos. Gostei desta!

António Henriques

2 comentários em “Os Jacanrandás”

  1. Muito bem Professor António Henriques, estamos sempre a aprender… e vi no seu texto uma palavra difícil (degenerescências) e fui pesquisar e descobri que vem do francês – dégénérescence ou do latim – degeneratione, e significa perder as suas qualidades próprias ou ancestrais. Um abraço

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