Envelhecimento

A condição de envelhecimento resulta da combinação de vários fatores, que se entrecruzam, numa relação íntima de causa e efeito. Contudo, há dimensões que dão mais espessura a esta condição que podem ser agregadas em dois eixos: envelhecimento saudável, com qualidade de vida e o fragilizado com alternâncias entre o aceitável e o vulnerável.
De um modo geral, são raros os casos de pessoas em que o fator tempo, longevidade, é apenas tangencial, apenas se faz sentir levemente. Normalmente, é o fator que mais peso tem na condição de declínio físico.
Admitimos, então, que o estado de velhice, que afeta os seres humanos não assume sempre as mesmas formas comportamentais.
O tempo rola, os dias sucedem-se sempre dentro dos mesmos parâmetros, sempre fiel a esta dinâmica, avança linearmente, deixando traços bem visíveis e definidos: para uns, poderão ser recebidos como sinais deprimentes, de infortúnio, enquanto que para outros, são pontos identificadores de sabedoria, honra, se entendidos à luz de vivências, experiências construtoras de personalidades.
O estatuto de velho está radicalmente associado ao fim da vida ativa, selado com o carimbo de um certo sentimento de inutilidade e, em última instância, a perceção do fim do ciclo biológico. Nesta perspetiva, está inserida uma carga muito pesada de teor negativo, assente numa formulação de que já não há forças nem capacidades geradoras de motivações, com consequências que poderão ser muito gravosas para os visados.
O receio de uma vida dependente pode conceber uma teia urdida com fios soltos e cinzentos, logo nefastos, no íntimo da pessoa, indutora de sentimentos de solidão e isolamento. Pode ser o ponto de partida para um ciclo de desânimo de difícil recuperação. Mas, este diagnóstico não é a
regra geral.
Felizmente, a sociedade poderá testemunhar que, nesta faixa etária, ainda existem pessoas em plena vida ativa, com muita competência e resiliência para prestar e colaborar em ações de voluntariado, em espaços públicos ou privados e sem fins lucrativos. Abraçam a vida com entusiasmo e determinação, tornando-se exemplos vivos e edificantes da sociedade que usufrui dos seus empenhados préstimos.                                                                                                                                   A sociedade em geral tem responsabilidades concretas e determinantes em proporcionar às franjas já não produtivas de uma vida digna e reconfortante, contudo, não se pode substituir às obrigações institucionais da competência do estado, em promover ações de saúde pública e medicina preventiva e a construção de equipamentos dignos para acolher as camadas necessitadas dessa proteção e hospitalidade.
Rosa Natália de Oliveira Faria Fernandes
(Rosinha)

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