Hoje, que já passaram muitos natais depois dos muito ingénuos da minha infância, continuo a gostar, a amar e a viver esta época quase com a mesma felicidade.
Naquela casinha pequenina, onde só cabíamos nós e os parcos móveis que uma família pobre tinha na província, os dias anteriores ao Natal eram vividos a falar e pensar nas filhós que a minha mãe fazia com tanto amor, pois eram os doces que a família tinha para as vésperas e dia de Natal.
Começávamos a amassá-las ao anoitecer do dia anterior à noite de Natal.
Depois de fritas, era o polvilhá-las com açúcar e canela. Aquele cheiro ainda hoje o sinto e me sabe da mesma maneira.
Então, na noite de Natal, descia o Pai Natal pela chaminé e deixava um chocolatinho no sapatinho da minha irmã e no meu.
De manhã, quando acordávamos, corríamos para o sapatinho e ficávamos satisfeitas.
E assim, com tão pouco, éramos felizes.
Maria da Graça Rocheta – 11/12/2016