Os imigrantes

Nos últimos tempos, têm sido os imigrantes a encher as conversas de políticos, redes sociais e mesmo de muita gente anónima.
Sou daqueles que ficam perturbados ao olhar para a onda de críticas e atoardas que se ouvem, culpando os imigrantes de todos os males, ou porque são criminosos ou porque são diferentes nos costumes, na religião, ou ainda porque roubam aos portugueses os empregos e até usam e abusam dos serviços de saúde gratuitamente…

A realidade que eu constato no meu dia a dia é bem diferente. Vou ao supermercado e sou atendido por estrangeiros com um sorriso e muita atenção, vou às lojas e oficinas e nunca me trataram mal, telefono para instituições e serviços e sou atendido por gente com outros sotaques, que me resolvem os meus problemas. Preciso em casa de solucionar problemas de luz, água, arranjos de portas ou janelas e é a um imigrante a quem recorro sempre com agrado. Até conheço casos de familiares e vizinhos que precisam de acompanhamento diário e permanente e são imigrantes dedicados que os tratam na doença, como curadores dedicados. Sem estas pessoas, como podiam sobreviver os lares, os serviços de limpeza e higiene?
Ainda ontem, foram estrangeiros que, no hospital, me atenderam, trataram da saúde e aliviaram com seu sorriso os momentos difíceis por que passei.
Bem ouço que na construção, na agricultura, nos serviços de turismo, o trabalho desta gente é que permite o desenvolvimento de Portugal. Não podemos confundir estes imigrantes com alguns criminosos que por aí vegetam. São uma minoria muito minoria!
As estatísticas confirmam que a riqueza de Portugal tem aumentado com o trabalho destes estrangeiros, que contribuem ainda para os cofres da segurança social e ajudam a pagar a minha pensão.
Em conclusão, recorrendo aos valores cristãos, estou cem por cento de acordo com os bispos espanhóis, que disseram que “um xenófobo não pode ser um bom cristão”. E estou ao lado do bispo D. José Ornelas, quando ele disse: “O que mais me custa é ouvir pessoas responsáveis dizerem-se católicos e acusarem os imigrantes de serem responsáveis pelos males de um país que, na verdade ‘não pode viver sem eles’”.
E fico por aqui hoje.
António Henriques

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