Quero-me…???

Ouvi falar há poucas semanas de um partido político que, pretendendo aliciar mais pessoas para o seu projeto nas redes sociais, convidava novos aderentes a inscreverem-se na mira de se tornarem candidatos nas eleições autárquicas.
Seria verdade?
Fui investigar e sempre se confirmava o facto. Aqui está o referente:

Não comento tal iniciativa, ou melhor, até sou capaz de dizer que fazem muito bem  a atrair para o serviço público mais gente que esteja disposta a trabalhar pela comunidade, de que tanto está carecida.
O que me leva a arengar sobre o facto é a displicência com que usam a língua portuguesa, como se tudo valesse na comunicação. Sim, que comunicar é mais difícil do que se pensa…
Essas pessoas utilizam um slogan inicial muito simples, à primeira vista muito habitual na linguagem, mas que não está minimamente correto:
QUERO-ME CANDIDATAR…
Quero-me?! Este me não soa bem e não diz o que o falante pretende. Em expressões como “lavo-me, corto-me, barbeio-me”, etc. as ações são claras. Mas aquele me não pode ser o complemento direto do verbo “querer”, pois não estou a dizer que “me quero a mim próprio”!
Já é diferente nestes exemplos: “quero-te como guia”, “quero-te muito”…
O que as pessoas queriam dizer era: “QUERO CANDIDATAR-ME…”, passando o me a completar o sentido do verbo “candidatar”. A mudança é simples, mas faz sentido, não acham?
Assim se fala em bom português!
Pensando bem, há muitas situações em que repetimos o mesmo erro, como, por exemplo, nestes casos: quero me alistar, apaixonar, casar, acalmar… Que havemos de fazer?
António Henriques

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