E venha a Páscoa!

E já passaram duas semanas neste degredo… E não sabemos quantas semanas mais teremos de conviver com as paredes da nossa casa as vinte e quatro horas do dia! É esta a dura realidade que afetou profundamente as nossas vidas.

Pela primeira vez, sentimos que a Terra é uma aldeia global, pois todos nos sentimos ameaçados pelos mesmos inimigos, todos estamos a repetir os mesmos gestos, todos usamos as mesmas armas com vista a uma vitória final, que ainda não se vislumbra.

Antes, ainda uns respiravam paz quando outros se dilaceravam em guerras. Antes, ainda havia os que sentiam a sua vida abalada por fortes chuvadas, ciclones e tempestades sem fim, enquanto outros gemiam ao calor medonho que seca a natureza e os corpos, transformando tudo em cinza.

Hoje, do norte ao sul, de leste a oeste, percorrendo todos os continentes e países, a ameaça é a mesma – um vírus invisível a encurralar-nos em casa, a destruir os modos de produção e de convivência, o que faz adivinhar a maior crise mundial que alguma vez aconteceu…

E nós aqui estamos a sonhar com um futuro risonho, sem abandonar a esperança de um mundo novo, mais humano, mais feliz, capaz de satisfazer a todos. Não nos sentimos derrotados e continuamos a acreditar que o homem vencerá, ultrapassando mais esta crise e, porque não?, reorientando as agulhas do viver coletivo com a energia da justiça, da solidariedade, da amizade verdadeira a desfazer os egoísmos.

Estamos na primavera, portadora de novas promessas, energias e frutos. Estamos na Páscoa, que sempre nos convida a acreditar que a dor, o sacrifício e a cruz são o prenúncio de uma vida nova, como a de Jesus o Ressuscitado.

A todos os amigos leitores deixo esta minha reflexão, querendo irmanar-me convosco no combate ao delírio da prisão. Faço o convite para olharmos mais ao que se encontra ao nosso redor – as pessoas, os animais, as plantas e as flores. E oiçam a melodia dos passarinhos.

As aulas virão um dia. Agora estamos a experienciar novas vivências. Boa Páscoa!

António Henriques

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