Ando nos últimos dias com este pensamento na cabeça e, nem sei porquê, a qualquer hora do dia e nas mais diversas circunstâncias ele se repete sem clara justificação…
Será já reflexo do ensimesmamento a que o vírus nos remeteu? Será já um grito a empurrar-me para os outros, a convencer-me da importância da comunhão com familiares, amigos e todos os que, incógnitos, contribuem para me facilitar a vida?
Realmente, os últimos tempos têm sido pródigos a experimentar o valor de muitos préstimos que me facilitam os dias.
Preciso de produtos do supermercado? Vou à Internet, faço uma lista e daí a umas horas estão a tocar à campainha para me entregarem os alimentos. Preciso de comprar um livro? É tudo simples: sem sair de casa, encomendo e daí a dois ou três dias aqui tens o pedido. O mesmo acontece com os ténis que calço, com o vinho que bebo, a comida para os meus dois gatos e com mais outras circunstâncias de que se tece a vida. Só é pena que ainda tenha de sair para resolver o que a Internet e o telefone não me resolvem. Vejam como um vírus me está a alterar hábitos através do confinamento obrigatório…
E agora olho para o circuito comercial que se estabelece para solucionar as minhas necessidades. Quantas caras anónimas se mexem e contribuem para o meu bem-estar! E não é só lá fora. Também aqui, em casa, eu começo a dizer: obrigado, Antonieta, por me facilitares a vida!
É esta rede de relações que me deixam muito agradecido e que eu transporto para novas realidades. Também eu devo ajudar os outros. Também eu devo facilitar-lhes a vida. E cada vez que o faço alegro o outro e alegro-me a mim próprio. Se calhar, muita gente envinagrada que há por aí é assim porque não ajuda os outros…
A minha Páscoa também se faz com este esforço em construir vida, colaborar com os outros, dar voz às boas causas, mostrar valores escondidos dos colegas, impulsionar projetos que vão satisfazer os que neles estão implicados.
Às vezes erro? Só não erra quem nada faz… E eu não vou por aí!
António Henriques
Gostei e gosto muito deste texto ! E não é por acaso. Deixa bem claro que nós só O somos, enquanto relação. “Ninguém se salva sozinho”. A imagem “facilidade”, reforça essa condição; é o outro que nos facilita; também pode complicar mas, fechamos essa porta. A verdadeira relação humana, penso que o autor nos faz essa proposta, é a relação do toque: toque do olhar, aperto de mão, abraço, beijo, e porque não a palmada nas costas ?! Como estes gestos nos foram subtraídos, lançamos mão da digitalização que pode ser um muro, ou, nesta situação, uma ponte. Desejos de uma feliz e santa Páscoa. Abraço amigo: Rosinha e andré.
Obrigado, Zé André, por comentar e estender o meu apontamento a novas solicitações. Sempre em frente. Boa Páscoa e um abraço. A. Henriques
Grande Mestre
Como sempre no seu maior
Este texto é bem significativo do nosso momento actual, mas vamos resistindo e tenhamos fé num futuro melhor pois é isso que todos queremos embora por vezes a paciencia nos vá faltando
Um abraço
A. Ferreira