Antes, presente e futuro
Dias antes da data prevista do seu nascimento, cerca de 14 de Janeiro de 2020, comecei a sentir um estado de ansiedade provocado pela realização desse esperado acontecimento.
Sabia que estava para chegar ao mundo um ser muito desejado e predestinado para ser minha netinha. Nesse dia recordo-me que acordei muito agitada, com pensamentos incontroláveis a perturbarem o meu estado de espírito, pela impaciência da espera, chegada desse momento. Parecia que estava a viver o mundo irreal, a fugir do mundo terreno, imaginando a chegada de um anjinho a cair nas minhas mãos, como descido do céu. É inegável que um nascimento é um acontecimento que julgo ser sobrenatural.
Sentia uma certa agitação, sedenta da chegada do momento e curiosa para conhecer esse ser, essa grande dádiva que me iria pertencer e desejosamente iria colocar no meu seio com muito amor, alma e coração. Parece que via no meu interior um vulcão a transbordar amor. Estava cuidadosamente empenhada na conceção e construção de um cenário, que me permitisse, de asas abertas, buscar abraços e beijos para lhos oferecer sempre e em qualquer momento.
Nesse tempo de espera, os meus pensamentos fluíam ininterruptos e desordenados, davam-me a sensação de movimento, parecia-me caminhar em tapetes rolantes, num ritmo acelerado e sem fim, à procura de mais e mais até atingir o ponto final, o momento do nascimento. Sem dúvida, é um momento belo e indizível.
Nesse estado de espera, sentia anseio e curiosidade de conhecer uma criança, que naquele momento estava escondida dentro do ventre da mãe e apenas conhecia por fruto da minha imaginação. E então julgava-a uma menina muito bonita, um bebé rechonchudinho de pele rosada, fisicamente perfeita, sabendo que um dia a veria de olhinhos bem abertos a olhar o mundo!
Um neto é para uma avó uma estrela a iluminar-lhe o caminho e uma recompensa na vida, que, pelo amor que sente, deseja-lhe que futuramente seja enriquecido de boa sorte, saúde, bom destino e viva sempre a vida com alegrias, êxitos, sabedoria e inteligência, sempre em momentos resplandecentes.
As minhas ideias eram constantes em todos os sectores, havendo pormenores que eu própria me interrogava:
– Será que é um bebé saudável? Portadora duma personalidade forte, carácter firme capaz de um dia testemunhar perante a sociedade actos dignificantes e exemplares?
Eis que chegou o momento do nascimento, e comecei a viver uma felicidade incontrolável. Vi-me diante de um bebé, realmente bonito, perfeito, onde além dele próprio não havia mais nada a desejar. Tudo era Bom!
Rosa Natália Fernandes