Metalinguística – uma função da linguagem

Pois é, acontecem por vezes estas coincidências:

Estávamos nós a conversar na aula sobre as diversas funções que desempenha a linguagem quando parámos naquela que parece mais complicada – a função metalinguística. Acho que todos ficaram a compreender que a linguagem, em vez de servir para comunicar, expressar sentimentos e unir os vários interlocutores, pode voltar-se para si própria, olhar-se ao espelho e discutir a sua própria identidade e modos de se manifestar. 

Chegámos a dizer que uma aula de Português é sobretudo o lugar onde a linguagem está a servir para melhorarmos a própria linguagem. É esta a função metalinguística…

Então, a Vitória Afonso lembrou-se que tinha um poema sobre este assunto. Coincidências! E aqui fica o poema. Mas não esqueçam: 

VAMOS VIVENDO ESTE TEMPO ESPECIAL DE FESTA FAMILIAR!

Metalinguagem

Dona Poesia veio com falas mansas
“Faz-me um retrato amiga, tu tens jeito
Põe-me um rosto suave, lindas tranças
E grande coração dentro do peito.”
Não querias mais nada?! Era longo preito
Posto isso te humanizas; até danças
E nesse gesto, fugaz, e bem atreito
Abstractamente, imitas as crianças.
Não poesia, teu campo é da semântica
Não te corporizo não és romântica
Limita-te ao teu campo lexical.

Verás que encantas mesmo, apenas escrita
É essa a tua sina, a tua dita
Ser fruto de inspiração virtual.

Maria Vitória Afonso

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