Seguindo as “pegadas” da minha amiga e colega Lourdes Martins, algarvia de gema, resolvi falar de férias. Que, diga-se em abono da verdade, são uma espécie de seca para mim.
Porém, constitui um oásis no deserto da minha solidão ir alguns dias para o sul. Alentejana da diáspora, tive a sorte de vir viver para o Seixal, que satisfaz as minhas necessidades intelectuais. Isto devido às instituições que fazem o meu regalo do ponto de vista espiritual: Casa do Educador, CESVIVER, Unisseixal, Mensageiro da Poesia, Confrades da Poesia e alguns jornais onde já escrevi e ora escrevo.
Chegam as férias e sinto falta das actividades….
Férias só me sabem bem no sul: Colos, Castro Marim, Porto Covo, Vila Nova – princesa do Alentejo…
Já fiz quase uma semana de férias e fui feliz: um dia passado em Vila Nova com amigos, numa casa cujo quintal tinha um portão que dava para a praia principal de Milfontes. Usufruí daquela maravilhosa paisagem que falou alto nas minhas recordações de infância… Faz-me lembrar alguém já muito distante, na minha juventude.
Outro dia em Porto Covo: a visita a lugares míticos para mim, que fui descrevendo em poemas e em prosa e que estão presentes nos meus três livros publicados. Alguns títulos: Baía de Porto Covo, Praia da Gaivota, Ilha do Pessegueiro.
E, finalmente, falo de Colos, cujas recordações são um livro aberto que não leio porque o sei de cor. A infância vivida em contacto com a Natureza, a pré-adolescência incompreendida pelos familiares, o namoro proibido mas muito romântico e o assumir de grandes responsabilidades por ser a irmã mais velha. Enfim, de certa maneira, uma juventude atribulada de muito trabalho e pouca fruição.
Espero voltar ao sul, ao Algarve, na próxima semana com o filho, a nora e as netas. O Algarve também é importante para mim. Este ano gostava de visitar Salir, a terra de minha bisavó, avó e tios-avós. Eu tenho essa costela algarvia. Um pouco da minha vivacidade mais na escrita (sou tímida) me vem da herança genética de todos estes.
E foram estes os meus primeiros dias de férias uma vez que as tenho repartidas.
Maria Vitória Afonso