Será o panelão da sopa?
Não! Não é nenhuma provocação esta foto. Tem a ver com os vários pormenores que pudemos observar na Madeira por alturas do Carnaval.
Uma das visitas que fizemos foi à Calheta, onde se encontram os famosos Engenhos da Calheta, que, para além de servir a atenção dos turistas, servem e bem a economia madeirense com a produção e venda de produtos como o mel de cana, aguardente e rum, bolos de mel (dizem que são dos melhores) e broas de mel.
Num dia soalheiro, fomos até ao mar admirar as muitas obras que Alberto João Jardim ali mandou construir – os abrigos de mar e a bela praia. Depois, subimos aos Engenhos para observar bem esta indústria e comprar in loco os seus produtos. O bolo de mel dura pelo menos um ano, mas é cortado à mão, não se pode usar faca.
E que vimos nós? Pela primeira vez, vimos um pequeno museu sobre a história dos Engenhos. Mas eu estava mais interessado em saber como é que a cana passa a suco (bebe-se bem com gelo, embora um pouco enjoativo!) e que voltas leva até ao fim. Nem tudo fiquei a saber, mas eu ainda me lembrava das imagens dos engenhos rudimentares no livro de história que tantos escravos levaram para o Brasil. Ali, é já a energia eléctrica que move as máquinas que trucidam as canas passando por rolos de metal. Coitadas, com tal aperto, gemem a ponto de deixar ali todas as lágrimas… O suco vai para depósitos à espera de ser tratado e servir para álcool, açúcar ou mel.
O Engenho trabalha só nos meses de Abril e Maio (quando a cana está mais madura…), mas, depois, outras máquinas e outras mãos laboram o ano inteiro a aproveitar esta riqueza.
A foto de ontem não é de um alambique! É ainda maior que a panela do alambique e nela se deposita o suco da cana para se extrair a água por evaporação, como se faz em nossas casas para fazer um bom doce. Antigamente, era uma fogueira constante que provocava essa evaporação. Agora, são tubos de água bem quente que fazem ferver aquele suco.
Depois, como é que aquele melaço dá lugar a açúcar, mel ou aguardente, não vos digo…. Pensam vocês que eu sei tudo?! Um abraço.
António Henriques
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