Comentários

1 – Caro Zé Maria, obrigado pelas tuas intervenções sábias, de presença e amizade.
Sobre as duas matérias que abordas, no primeiro caso, também aprendi a construir a frase com o “pedido de desculpas”, conforme sublinhas.
Acerca do “aluga-se quartos”, andares, etc. sigo o ensinamento do Prof. Raúl Machado, que foi Presidente da Sociedade da Língua Portuguesa, e que, nas “Charlas Linguísticas” da RTP, abordou este tema. Lembras-te?
Ora, o referido professor advogava e justificava que o sujeito nesta frase é indeterminado: o “se”. Alguém vende andares …… Aliás, também aprendemos que havia sujeito indeterminado em muitas frases e obriga a que o verbo esteja no singular.
Nunca relacionou com o “AQUI”, mas com o sujeito. Tem que haver um sujeito que venda qualquer coisa.
Eu vi esse programa e li depois no segundo volume das Charlas Linguísticas (apenas consegui adquirir o primeiro) a lição que deu na RTP.
Nessa altura, o que se via mais nos anúncios nos prédios, era: “vendem-se andares”
Depois da lição dele, a coisa modificou-se um tanto.
Passado muito tempo, já li outra teoria que defende o “alugam-se andares”. Vão buscar a justificação à “passiva” ……
Mas eu sigo o Prof. Raúl Machado. Ainda não encontrei ninguém a expor e a justificar a língua portuguesa com a autoridade e erudição que ele tinha.
Tenho pena de não dispor da lição que deu na RTP, mas descuidei-me e já estava esgotada quando quis. Um colega meu do Banco tinha o segundo volume e perdeu-o depois de lho ter devolvido.
Quando tenho dúvidas sobre muitas frases, palavras, significados, ainda vou consultar o volume que possuo.
Um abraço.
Manuel  Pires Antunes
O meu Comentário
2 – Meu amigo, em relação ao primeiro tema, nada acrescento. Quanto ao segundo, o Pires Antunes já opinou com muita sabedoria, mas eu ainda digo mais umas coisas.
1 – O “aqui” a servir de sujeito não faz sentido naquela frase, pois tem uma conotação de “lugar onde…”(advérbio de lugar). Se queres usá-lo como sujeito, só em frases como esta: “aqui” é um advérbio de lugar, pois é dele que se fala (o sujeito é de quem se fala!).
2 – Quanto ao “aluga-se quartos” ou “vendem-se casas”, eu teimo em dizer que as duas expressões estão corretas. No singular, o “se” é o sujeito indeterminado, ao modo do francês “on” (on vend des maisons), sendo portanto um pronome indefinido. A palavra “casas” é um complemento direto do verbo,
Quando se usa no plural (vendem-se casas), o mesmo “se” passa a partícula apassivante, isto é, a frase deixa de ser ativa e torna-se passiva. A palavra “casas” passa a ser o sujeito da frase mesmo estando no fim, como se nós alterássemos a ordem das palavras: “casas são vendidas”.
Eu tinha para aí um livro com o título – Problemas do se – onde esta palavrinha era dissecada nas múltiplas aceções em que é usada. E muito se aprende com estas leituras. Mas por agora fico-me por aqui.
Abraço do António Henriques