Mais dois textos
Primeira impressão: achei que era um museu muito especial, pois ele relata muito bem a era do fascismo.
Ali se conta a triste história de 48 anos de fascismo e como as pessoas viviam nesse tempo. Gostei muito de ter tido esta oportunidade, que até então me era desconhecida. Os escritores conseguiam por entre linhas chamar a atenção do povo para o que estava bastante mal.
Impressionei-me com as crianças a trabalhar em trabalhos pesados. Esses são os homens de hoje que nunca foram meninos.
Lucinda Gameiro
O Museu e a minha terra
Eu hoje vou escrever para dizer obrigada ao nosso professor pelo muito que é importante para mim ser aluna e frequentar esta hora e meia por semana e ter estes simpáticos colegas. Tem sido importante passar estes bons momentos. E estamos quase no final do ano, daqui a um mês sensivelmente estamos na despedida.
Aproveito para falar do Museu do Neo-Realismo, pois foi uma ideia brilhante recordar tudo o que não devemos esquecer: os nomes de todos aqueles que escreveram para a nossa história, gente admirável, e todos nós sentimos o que foi essa vida do nosso país e o que as pessoas sofriam.
Eu sou de uma aldeia do sul do distrito de Beja, concelho de Moura. Sou neta de pequenos seareiros, vivíamos com algumas dificuldades, mas não passámos fome. Pois foi com muita saudade que recordei tudo o que vi no museu, principalmente a fotografia das crianças, eu brincava com crianças como aquelas. As famílias eram muito pobres, pois o trabalho era pouco e pagavam muito mal; chovia meses inteiros e não podiam trabalhar. Os meus avós, Maria Custódia e António Agulhas, ajudavam como podiam alguns pais daquelas crianças com uma tampinha de azeite, uma tigela de azeitonas ou uns ovos para fazerem uma única refeição, que era a açorda. Era gente que sofria muito, mas todos com uma amizade imensa, gente muito séria… Na minha aldeia, todos nos tratávamos por manos: era a mana Maria, a filha do mano António. Na minha rua, viva a mana Chica Rala que tinha cinco filhos, a irmã – a mana Júlia – só tinha um, vivia melhor, era a Marianica “papa-arroz”, que tinha seis, a mana Anita Veigas, que tinha quatro e a mana Isabel Valenta, que tinha cinco filhos. A Ana brincava comigo e trazia uma fatia de pão e um pedaço mais pequeno e a minha mãe dizia que o pequeno era o conduto.
Mas que saudade enorme que eu sinto dessa gente e desse tempo. Éramos muito amigos e havia muito carinho de uns para com os outros. Eu era a Jouquinita da mana Maria Custódia Barrila, que escrevia os aerogramas a mais de 40 mães que tinham os filhos na guerra do Ultramar. A minha aldeia, a Amareleja, tinha nesse tempo cerca de 7500 habitantes. Agora fala-se dela por ser o sítio mais quente de Portugal.
Joaquina Curva