Valeu a pena!
Na minha idade, estar uma semana fora de casa é algo extraordinário, que começa a ter laivos de aventura. Fazer oito horas de avião é também inusitado! Se eu imaginasse que era tanto, talvez me pusesse a questionar o propósito.
Mas olha, decisão tomada e já não voltas atrás… Sobretudo, íamos bem acompanhados: filho e nora, dois guias bem habituados a estas andanças…
E lá vamos nós a caminho de Nova Iorque, a satisfazer sonhos especiais, em dias especiais da nossa vida a dois, nestes 50 anos também especiais.
E valeu a pena, confesso, este encher os olhos e a memória com novas experiências…
Uma cidade, que tem uma população quase igual à de Portugal inteiro, é mesmo grande em muitos pontos de vista. Sentimo-nos pequeninos a caminhar por aquelas ruas e avenidas sem fim, onde os arranha-céus são contínuos e nos obrigam a dobrar o pescoço para olhar o alto, onde aqueles monstros se confundem muitas vezes com as nuvens. O sol não pode aquecer as nossas caminhadas e os blocos contínuos de betão, cada um a ser maior que o vizinho, obrigam-nos a imaginar como se pode viver com tanta sobrecarga de problemas a que é preciso dar atenção: abastecimentos, transportes, segurança, saúde, lazeres, eu sei lá!
Felizmente, tudo nos correu de feição e assim chegámos à nossa casinha cansados, mas felizes!
Sem querer alongar o meu discurso, além de passar uma semana a falar inglês para a nossa nora da Polónia, gostámos de passear por aquelas ruas de Nova Iorque, Newark e New Jersey, onde nos acomodámos num simpático apartamento.
Visitámos locais históricos, a começar pelo Ground Zero, em Manhattan, onde nos irmanámos à crueldade infligida a muitos milhares por homens de consciência perturbada, que usaram aviões para destruir o World Trade Center.
Passeámos pelo Rockfeller Center, um conjunto fabuloso de edifícios em Manhatan, subimos ao Top of the Rock, um dos edifícios mais altos de Nova Iorque. O elevador levou-nos ao 76.º andar e depois subimos ainda mais um pouco por escadas e elevadores. Que maravilha! Para mim foi difícil, as pernas tremiam com as vertigens, mas ainda pude tirar fotos de todos aqueles espaços, embora o tempo estivesse cinzento. Até consegui meter a grandiosa catedral de S.
Patrick num buraquinho, tal não eram as alturas… Também vimos dali o Central Park e, ao longe, a grande e célebre Estátua da Liberdade, aonde noutro dia fomos de barco e aonde acorrem diariamente muitos milhares de visitantes. Por aquele local, milhões de imigrantes chegavam aos Estados Unidos em busca do El Dorado e ainda hoje é um porto comercial de grande importância. Foi dentro do Museu do Imigrante que pudemos almoçar!
Também nos regalámos com as obras de arte do grande MoMA ((Museum of Modern Art) , com mais de 150.000 pinturas, esculturas, desenhos, modelos arquitetónicos… E ainda visitámos o MET (Museu Metropolitano de Arte), com rica coleção de obras da arte antiga (grega, romana, egípcia) e pintura europeia dos séculos XII ao XX.
E quem vai com músicos não pode deixar de frequentar um musical (o Moulin Rouge) e ouvir orquestra de violinos a interpretar Mendelssohn no Carnegie Hall.
Para descansar, passeámos no Central Park, com árvores nuas, onde só as magnólias esbanjavam a beleza das suas flores. Foi lá que almoçámos e as quatro pessoas só (!!!) pagámos 248 dólares…
Disse antes que tudo era grande: grande o metro, grandes os carros, grandes os sons ásperos dos cláxones e a chiadeira dos carris, mas também grande o silêncio no metro e o frio dos dias.
Para mim, terá sido a minha última grande viagem. Gostei, valeu a pena.
António Henriques
Obrigada por tão excelente descrição da viagem à grande cidade que dizem que “nunca dorme”. Sempre ouvi dizer que lá tudo é grande e imagino mesmo andar de pescoço no ar a olhar para as alturas…Deve ter sido uma enriquecedora experiência!
Obrigado pelas suas palavras, que partilham também do nosso maravilhamento. Hoje espero juntar mais um conjunto de 48 fotos, que vão ilustrar melhor as minhas palavras. Mas atenção, se não fôssemos com filho e nora, nós não nos metíamos em tanta confusão.
Thanks. António Henriques