Hoje, Dia Internacional do Idoso (1-10-2024), dei comigo a pensar nesta classe de pessoas a que eu já pertenço e que começam a não ter muitas razões de viver (ou melhor, muitas ocupações no seu dia a dia), embora gostem muito de cá estar, como eu costumo dizer!
As notícias falam do isolamento de muitos, da incapacidade de outros em sobreviver em condições dignas, com problemas graves de assistência na doença ou no simples acompanhamento diário, em que há sempre um sacrificado no casal que faz o que pode ou não pode para atender ao seu parceiro. E quem lhes vale? Fala-se de cuidadores, mas para quem? Fala-se de lares, mas quantos portugueses têm dinheiro para lá entrar?
Eu, com os meus 85 anos, estou entre aqueles que são já dependentes e os outros que ainda andam por aí gozando a sua idade dourada, ora viajando, ora participando em atividades que ocupam o seu muito tempo livre. Mas começo já a olhar para os anos futuros e não sei bem qual será o meu modo de viver…
O que acontecerá quando a minha casa deixar de ser o meu lar? Haverá lares que me agradem? Para já, estão esquecidos na gaveta os projetos que a Casa do Educador do Seixal preparou para poder utilizar os dinheiros do PRR; parece que há outros interesses mais cativantes e nunca mais chega o dia!
De qualquer modo, sem querer prolongar a minha reflexão, sempre digo mais isto:
1 – Alegra-me viver num concelho em que a Câmara Municipal soube olhar para a população sénior, investindo, por exemplo, na construção de instalações para a Unisseixal, onde no ano passado estiveram inscritos 1200 alunos e onde neste momento se procede às matrículas para o novo ano letivo;
2 – Lares, sim, com certeza! Mas para nós e para os empresários com dinheiro, não seria melhor a construção de vivendas colectivas (cohousing – habitação colaborativa), onde um número reduzido de pessoas partilha a vida em comum? Agrada-me, por exemplo, pagar uma renda numa casa destas… E elas começam a ser pensadas…
António Henriques