Estive com gosto na sessão comemorativa do 17.º aniversário da Unisseixal, que ocorreu na quinta feira passada. O Fórum Seixal encheu-se de alegria e todos em conjunto batemos palmas pelo sucesso deste projeto da Casa do Educador do Seixal, que está a contribuir para os seniores usarem o seu tempo com proveito, a aprender coisas novas, a atualizar conhecimentos e a cultivar relações humanas.
Mas (há sempre um mas!…), tenho pena de dizer isto: dos cinco intervenientes no uso da palavra, houve três que usaram o plural do termo “SÉNIOR” e nenhum acertou na pronúncia!
É verdade que já vi ministros, dirigentes de futebol, gente bem letrada a errar na fonética ou na morfologia de muitas palavras ou expressões. Começo mesmo a duvidar se as regras gramaticais que nós aprendemos são para cumprir ou se, sabendo que é o povo que faz a língua, temos de aceitar como válido o uso desregrado e frequente de certas locuções erróneas.
“Séniores, júniores, ter ganho, os melhor classificados, etc.” estão erradas!
É curioso como as pessoas, e agora só me atenho aos seniores, conseguem pronunciar uma palavra “sobreexdrúxula”, comendo a última sílaba: séniores! A terminação “rs” não existe na língua portuguesa, embora seja frequente em inglês… Mas é isto que eu oiço, embora a audição já não seja o meu forte!
Vou explicar mais uma vez: Sénior tem três sílabas – sé+ni+or. No plural, a palavra passa a ter quatro sílabas – sé+ni+o+res. Conhecem alguma palavra portuguesa acentuada na quarta sílaba a contar do fim? Não, não e não… A língua portuguesa usa mais palavras graves (bravo, ardente), de mistura com algumas agudas (maré, cantor) e outras esdrúxulas (escândalo, retrógado), que são dotadas de acento gráfico.
Conclusão: só há uma maneira de pronunciar a palavra “sénior” no plural: SENIORES, passando ela a ser uma palavra grave, sem qualquer acento gráfico!
E se esta palavra é complicada, eu sugiro que se deixe de usar e seja substituída por um sinónimo, que há muitos no dicionário: velhos, anciães, anciãos, anciões, antigos, provectos, centenários, nonagenários, octogenários, matusaléns, anosos, ancestrais, vetustos, longevos…
De pé, no meio da assistência, a última aluna a inscrever-se, com 91 anos – e são já 1081…
António Henriques
Tenho orgulho em ter tido um PROFESSOR de português, com o foi e é, o PROFESSOR António Henriques. Tudo muito claro, para português entender.
Eu, fui corrigido na Univ. Católica, por um Padre amigo, não no contexto de aulas, mas, sim, quando procurava um livro na libraria. Esse Padre amigo nem era professor na católica. Ainda hoje cometo o mesmo erro, dá mais jeito!!!
Mas não defendo ” o que é preciso é que a gente se entenda”, mas, também percebo que é preciso ter conhecimentos literários científicos para compreender essas nuances, termos com étimos gregos e latinos.
Obrigado Professor, pela clareza da exposição, mas, vai continuar o ouvir o mau uso que se faz da língua de Camões.
José André, há uma vírgula a mais (pelo menos uma!) que me assusta: “Eu, fui corrigido…”! Tire essa vírgula, pois o sujeito não se pode separar do predicado!
Quanto ao tema, eu vou calar-me por uns tempos. Não vale andar a chover no molhado. Pode se impertinência. A. Henriques