Hoje vou falar de universidades seniores.
Vi nascer – e também dei o meu contributo para a sua criação e desenvolvimento – algumas destas instituições.
Desde a concepção mental do projecto até à sua concretização física, no terreno, houve várias reuniões já em ambiente académico, pois, normalmente, na sua génese, estiveram sempre elementos com formação específica para o ensino.
Na área da minha de residência, existem muitas universidades seniores. Há espaço para todas, e todas elas são muito frequentadas. São verdadeiros pólos mobilizadores onde os utentes procuram e encontram convívio e conhecimento. São interessantes espaços que oferecem aos seus frequentadores uma vida mais alegre, saudável e com maior sentido.
As aulas são ministradas num clima de grande abertura, onde professores e alunos travam um diálogo suportado por experiências reais e, em princípio, pelas vivências mais felizes.
Nesta etapa da vida, a felicidade é o sentimento central da existência humana.
Estes espaços funcionam também como promotores terapêuticos, especialmente para as pessoas que vivem sozinhas, tornando-se menos dependentes de fármacos indicados para os estados de ansiedade. Os seus rostos tristes são substituídos por expressões de alegria e de desejos de uma vida mais longa.
Na generalidade, os professores que se disponibilizam para dar aulas são muito responsáveis, porque é uma tarefa assumida voluntariamente, com muita seriedade, sentindo ao mesmo tempo que os alunos também correspondem.
No meu caso pessoal, praticamente generalizado, além de ter sido professora, também fui simultaneamente aluna, e apraz-me dizer que as aulas que escolhi frequentar por curiosidade cultural corresponderam sempre às minhas expectativas, preencheram um espaço do conhecimento do qual as estradas da vida me tinham desviado.
O meu marido, que nos primeiros tempos foi também meu colega nas seniores, quis ir espreitar o mundo universitário oficial. Passou pela Faculdade de Letras, frequentou o curso de História, mas depois transferiu-se para a Universidade Católica, onde se licenciou em Ciências Religiosas. Curiosamente, eu também frequentei este curso, ao lado dele, na qualidade de ouvinte, sem me submeter a avaliações.
Um outro pólo de interesse que me tem ajudado muito em convívios culturais é a Casa do Educador do Seixal (Casa dos Professores). Os sócios desta Casa são agentes educativos, que trabalharam ou trabalham no concelho do Seixal.
Mesmo a caminhar na idade, não estamos sós.
Rosa Fernandes
Gostei deste apontamento sobre as universidades seniores. Também frequento estas Instituições há já alguns anos e na minha perspectiva, são espaços que deveriam merecer maior atenção, do poder central, pelo seu contributo à dignificação da pessoa.
Inteiramente de acordo, caro amigo. Ouvi pessoas a dizer que já não precisavam de psicólogo nem de psiquiatra. Bastava frequentar aqueles espaços.
O seu comentário veio num dia em que estive com mais quatro ou cinco pessoas no Fogueteiro a olhar para os futuros espaços da Unisseixal, onde a Câmara do Seixal vai gastar uns milhões. Aqui está a resposta exata ao seu comentário por parte do poder local. Ainda bem que nos esperam melhores dias…
António Henriques