Labrador – Olívia
Pela minha experiência, o conceito de família não pode nem deve confinar-se unicamente àqueles a quem a Natureza atribuiu característica biológicas capazes de os tornar aptos de exercícios pessoais. E, assim, desde menina, tive sempre na minha companhia um animal doméstico: um cãozinho a quem “humanizei”, pelo modelo de relação que entre nós se estabeleceu.
Nesta altura, tenho em minha casa uma cadelinha com trinta quilos de peso, de raça “Labradora” e de cor preta. É um animal muito meigo, dócil e extremamente dedicado à família. É uma companhia exemplar, está constantemente junto de mim e sempre atenta aos meus movimentos. Persegue-me como a minha sombra, habita sempre o mesmo espaço. Com um animal desta natureza e características, ninguém se pode sentir só. Aliás, este modelo de comportamento é inerente aos animais desta raça.
A Olívia, assim denominada, oferece todo o carinho e simpatia que tem e até procura suplantar-se, como sinal de compreensão, aos seus donos, enquanto eu, na qualidade dona, lhe concedo muito amor e ternura, mas sem esgotar todos os recursos de amabilidade
Ao longo da minha vida, tive sempre cães de raças diferentes. Quando os levava a passear, chamavam a atenção das pessoas pela sua beleza. Normalmente, as minhas preferências recaíam em animais de pequena estatura. Pensava eu que os animais pequenos eram mais meigos, mais domáveis, mais fáceis de educar e mais facilmente transportáveis em caso de deslocação. Hoje, porém, a minha “labradora” fez cair por terra essa minha convicção, ao provar, ela própria, de corpo presente, que é um animal muito amável, de olhar doce e nunca por nunca lhe vi qualquer expressão que não fosse de humildade e obediência. Perante qualquer pessoa, conhecida ou desconhecida, entrega-se toda, dá-se toda como só ela sabe fazer.
Poderei afirmar que as pessoas que frequentemente passam à frente da minha casa param para a acarinhar e ela faz questão de corresponder às atenções que lhe dedicam.
Quando assumi ter animais domésticos, fi-lo numa atitude de total liberdade e responsabilidade. Sabia antecipadamente que a minha vida iria sofrer constrangimentos, sobretudo em época de férias. Porém, sempre adoptei soluções que não magoassem os animais, sem contudo colidir com as necessidades familiares.
Fico seriamente indignada quando constato, até por informações veiculadas nos órgãos de comunicação social, que, na época de férias, são sinalizados muitos animais abandonados ao seu destino.
Esta atitude é desde logo pouco dignificante para os animais e, pior ainda, nada abonatória para os seus donos.
Rosa Fernandes
Nota: mesmo sem aulas, continuo a receber interessantes colaborações dos alunos, que agradeço, o que permite alguma atualização. Que bom! Um obrigado a quem nos visita, acumulando mais de 100 visualizações diárias. AH