Prosa literária ou ensaio poético

Esta Maria Irene é imparável. Que graça e beleza enchem seus textos de esperança! AH

 

Nasci em novembro.

Sou filha do outono melancólico, com tons verdes, secos e dourados e no ar o cheiro a castanhas assadas.

Piso com prazer guloso passadeiras de folhas encarquilhadas que as árvores, sacudidas por ventos agrestes, espalharam no chão desordenadamente, mas em jeito de eu poder passar.

Que importa o inverno que se aproxima, feio e escuro, com tornados e furacões semeando dor e luto no seu percurso implacável? Que importa?

O ciclo das estações repete-se presentemente com algumas convulsões, mas há sempre a certeza de que a primavera e o verão vão voltar com poesia, música, perfumes, flores, andorinhas, sol e calor.

E é com essa certeza que a natureza nos premeia, com esse renovar garantido que faz com que eu adore o outono e ciclicamente volte a fazer anos em novembro.

Maria Irene Veiga

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