Para a última aula deste período, o professor trouxe um conto de Natal de José Saramago, nos vinte anos do seu prémio Nobel.
Na introdução, o autor começa por dizer que é preciso ter muito cuidado com as crianças. A criança não nasce só uma vez. Está sempre a nascer.
No primeiro episódio do conto, a criança quer ajudar a atirar o foguete e não o deixam, dizendo que é muito novo. Depois, na consoada de Natal, toda a família come, fala, ri-se e a criança também quer participar. Quando ela vê que todos se calam, começa a contar a sua história. Mas rapidamente lhe cortam a palavra, riem-se e voltam às conversas de adultos sem lhe ligar importância.
A criança, triste, desiludida e chorosa, sai de casa para um outro mundo. Deita-se num muro branco e, a chorar, olha as estrelas. É a sofrer que a criança também vai nascendo?…
Na segunda parte do conto, diz-se que nas vésperas de Natal a professora manda fazer um desenho sobre o Natal.
As crianças apresentam o trabalho em vários materiais, com as inevitáveis figurinhas do presépio: o Menino Jesus, S. José e N.ª Senhora, o boi e a vaquinha, os pastores, reis-magos, etc., sem esquecer o musgo e a neve. A professora olha e avalia os trabalhos, mas há um que a deixa pensativa. Uma criança pintou a neve de preto. Pergunta à criança porquê e as outras riem-se de troça. A menina, timidamente, diz que pintou a neve de preto porque foi nesse dia que morreu a sua mãe. Fez-se silêncio…
Aqui está um forte motivo para pensar. Troça-se e brinca-se sem saber as razões profundas dos outros.
Neste conto, José Saramago é um pouco pessimista. Mas a esperança renasce quando ele sugere, no final, que estas duas crianças se vão encontrar um dia para construir um mundo diferente e melhor.
Composição elaborada pelos alunos no quadro com apoio do professor