NOTA INICIAL: na sequência das aulas, vamos agora iniciar a actividade da escrita. Propus pequenos textos à volta da palavra “PEDRA”, para não balizar o produto com muitas regras. Aí vão os primeiros trabalhos desta “Oficina de Português”!
António Henriques
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Peça num só Acto
(Personagens: Ofélia, Afonso e Pedra)
Ofélia: – Olá, Pedra. Conheço-te desde o dia em que vi pela primeira vez o rio, que tu abeiras e o seu pitoresco para o qual tu contribuis. Eu invejo a tua beleza. Procurar beleza foi também um meu objectivo, mas não consigo. Tu consegues, tens beleza sem te mexeres daí, sem te movimentares. Faz parte do teu ADN.
Afonso: – Tantas vezes, querida Pedra, eu me pus em cima de ti ao atravessar o rio, agora, que já me conheces, pregas-me esta partida de me deixares escorregar para eu ficar todo molhado… Não repitas….
Ofélia: – Deves ter permanecido aí parada, muitos milénios atrás. Quem sabe se não foste já um ser humano e que por castigo dos deuses a quem desagradaste foste assim transformada.
(Pedra – Silêncio absoluto … Realizada e feliz … não responde!)
Ofélia: – Eu invejo o teu mutismo.
Afonso: – Não é isso … É que ela não é um ser vivo…
Ofélia: – Entre nós não há identificação. Tu possuis o Encanto e eu o desencanto. Tu sempre foste rodeada de beleza. Eu quis transmitir essa mesma beleza, mas faltou-me um golpe de asa. Tu tiveste sucesso. A minha vida é triste. Tu és feliz mesmo sem o sentires. Eu fui triste toda a minha vida. Os seres humanos são traidores, por vezes proíbem tudo, querem viver a nossa vida.
Afonso: – Eu acho-te, Ofélia, um pouco idealista… Não sou poeta, mas, personificando o rio, direi que ele, ao marulhar, forma um som que anima a irregularidade do percurso e, polindo a Pedra, dá-lhe beleza.
Ofélia: – O Afonso diz que sou poeta. E que os poetas são tristes. Eu trocaria a minha vida com a “tua vida”, portanto eu seria Pedra e tu serias a Ofélia nome fictício.
Autores: Maria Vitória e Amadeu Afonso