Resumo teórico das aulas
Ao olhar para um texto descritivo, ressalta logo a importância dos ADJECTIVOS, aquelas palavras que trazem para o nome (substantivo) uma grande riqueza de significados.
O dicionário diz que o adjectivo é «palavra que qualifica, determina ou relaciona o nome, permitindo variação em género, número e grau».
Podemos distinguir três tipos de adjectivos:
– Qualificativos: os que dão aos nomes qualidades, características, propriedades que os enriquecem. Ex.: homem bom, pinheiro alto, tempo frio…
– Relacionais: quando estabelecem uma relação entre entidades, classificando melhor a identidade do nome. Ex.: atleta português (liga-o à nacionalidade), problema operário (indica a classe), greve estudantil (refere o grupo). Curiosamente, estes adjectivos não têm graus! Não se diz: uma greve muito estudantil…
E também não se colocam antes do nome: “uma policial operação” (???)
– Numerais: quando se encosta ao nome para lhe atribuir uma ordem dentro de uma série. Ex.: o segundo lugar, o primeiro sargento… Colocam-se antes do nome e também não têm graus.
A POSIÇÃO DO ADJECTIVO
O lugar do adjectivo na frase também tem o seu quê. Regra geral, o adjectivo situa-se depois do nome. Ex. comprei um livro muito bom, tenho uma casa jeitosa num bairro sossegado.
Mas acontecem fenómenos interessantes. Por vezes, o adjectivo colocado antes do nome altera o seu significado. Ex. homem pobre (= sem bens materiais) – pobre homem (=sem valor social); homem puro (=sem maldade) – puro homem (=sem mistura de outra natureza)…
Mas noutros casos isso não acontece: alto pinheiro = pinheiro alto.
Podemos alinhavar assim umas regras:
1 – Adjectivo depois do nome tem sentido restritivo, objectivo, real;
– Adjectivo antes do nome tem mais sentido subjectivo, com alteração semântica e finalidade enfática; neste caso, o adjectivo ganha mais preponderância e o nome até se esconde um pouco. Vejam o ex. de Almeida Garret, a falar de Joaninha: «Era branca… daquela modesta alvura de cera que se ilumina de um pálido reflexo de rosa de Bengala».
2 – Os adjectivos numerais antecedem o nome: o primeiro sargento, mas não o sargento primeiro.
3 – Os adjectivos relacionais não admitem dupla posição: nunca se diz “um solteiro rapaz”!
E ficamos por aqui. Mas é o bastante para saberem usar o adjectivo, mesmo com redundância. Os textos ganham muita força naturalmente.
António Henriques