AS NOSSAS VIAGENS

Já andávamos com fome de Lisboa…

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1 – Um filme

Hoje ficámos saciados. Depois de almoço, saímos os dois para o Monumental, para a sessão das 2,30h, e apanhámos um daqueles filmes que não nos deixa dormir, tão estranha e patética é a história. Saímos de lá absortos com tanta rudeza e frialdade de vida, que dá para pensar…

Parece que quando as coisas começam mal, tudo se vai agravando com os tempos e as pessoas vão cometendo crimes cada vez mais ignominiosos, numa ânsia de felicidade ou de liberdade (!?).

E quando se sai a pensar na história, dizemos logo que valeu a pena, mesmo que a lição seja trágica.

Ah! Querem saber o nome do filme? – Lady Macbeth

«Inglaterra, 1865. Katherine (Florence Pugh), uma jovem que foi forçada a casar-se com um homem de meia-idade, herdeiro de uma grande fortuna industrial, sente-se confinada à casa rural que ambos partilham, sem grande satisfação na vida, nem sequer atenção do marido». O resto, vejam lá…

 2 – Uma expo

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Depois fomos para o Colombo, outro centro comercial, e, sem fazer compras (como eu gosto!…), fomos a correr para as litografias de Paula Rego, num largo onde lhe construíram uma galeria de arte provisória com paredes de esferovite. Como sempre, a arte de Paula Rego deixa-me um ar de espanto, quer pelos temas dos quadros (as cenas mais abstrusas…), quer pela técnica usada (tão próxima da banda desenhada como dos quadros naïf ou dos figurativos mais exigentes). São aquelas cenas familiares onde as caras ganham uma rudeza disforme e onde as posturas das pessoas chocam na sua naturalidade bruta.

É “o mundo fantástico de Paula Rego”, com quadros distintos, muitos a ilustrar contos populares tradicionais de escritores, mas em que ela se sente sempre à vontade para fugir à história e derivar para a sua imaginação delirante.

Impressionaram-me uns mais que outros: os quadros do “Príncipe Porco e suas três noivas”, a “Sala de aula”, em que o azorrague e os puxões de orelhas não põem tudo em ordem, e ainda o “Quarto de Shakespeare” em que, perante a incapacidade de os macacos escreverem obra teatral aceitável, a velha saca da pistola para os matar.

De destacar o único quadro também em destaque na Galeria: “A fada e Pinóquio”, com este bem hirto e de mãos cerradas a escutar a fada, bem desconfiado do que está a ouvir.

António Henriques

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